Por fim, vômito.

Tripas se contorcendo.
Agora mesmo.
Colocaria pela boca, tudo o que comi nos últimos quatro dias.
É sempre assim, quando as coisas não vão bem comigo mesmo.
Um enjôo que vem do âmago de meus problemas, de meu ser,
Chega, quando estou mais fodido, fazendo-me querer vomitar.
É uma reação natural do sistema humano,
Expelir o que está lhe causando mal.
Um pastel com carne estragada, uísque vagabundo,
Aquela mostarda que estava com uma cor meio estranha no almoço.
O gosto do batom de alguma delas.
Enfim...É uma defesa natural.
É algo lindo de se admirar, de se entender.
A forma como todo nosso organismo se une,
como ele se esforça para que tudo fique bem,
para que nada saia do controle, e tudo fique em seu devido lugar.
O vômito faz parte desse processo.
Pena que ele não possa me ajudar tanto agora.
Creio que seja difícil para um homem expelir sua alma goela abaixo.
Bile? Tudo bem. Sangue, intestinos? Ok, cara.
Mas a alma! A porra da alma? Pois é!
Por isso, eu afogo esse enjoo e embriago essa sensação horrível!
Um, dois, três bons vinhos fazem com que essa merda passe, por algum tempo ao menos.
Fazem com que eu consiga sobreviver por mais uma noite.
Chego na metade da minha última garrafa,
Enquanto isso, solidão e música.
Ozzy Ousborne está montado nos riffs de Tomy Yomi,
falando sobre mulheres traiçoeiras, guerras, cadáveres e Lúcifer.
Estranhamente, o mundo,
por um ínfimo momento,
Parece-me TRANQUILO, BOM e VERDADEIRO