Por fim, vômito.

Tripas se contorcendo.
Agora mesmo.
Colocaria pela boca, tudo o que comi nos últimos quatro dias.
É sempre assim, quando as coisas não vão bem comigo mesmo.
Um enjôo que vem do âmago de meus problemas, de meu ser,
Chega, quando estou mais fodido, fazendo-me querer vomitar.
É uma reação natural do sistema humano,
Expelir o que está lhe causando mal.
Um pastel com carne estragada, uísque vagabundo,
Aquela mostarda que estava com uma cor meio estranha no almoço.
O gosto do batom de alguma delas.
Enfim...É uma defesa natural.
É algo lindo de se admirar, de se entender.
A forma como todo nosso organismo se une,
como ele se esforça para que tudo fique bem,
para que nada saia do controle, e tudo fique em seu devido lugar.
O vômito faz parte desse processo.
Pena que ele não possa me ajudar tanto agora.
Creio que seja difícil para um homem expelir sua alma goela abaixo.
Bile? Tudo bem. Sangue, intestinos? Ok, cara.
Mas a alma! A porra da alma? Pois é!
Por isso, eu afogo esse enjoo e embriago essa sensação horrível!
Um, dois, três bons vinhos fazem com que essa merda passe, por algum tempo ao menos.
Fazem com que eu consiga sobreviver por mais uma noite.
Chego na metade da minha última garrafa,
Enquanto isso, solidão e música.
Ozzy Ousborne está montado nos riffs de Tomy Yomi,
falando sobre mulheres traiçoeiras, guerras, cadáveres e Lúcifer.
Estranhamente, o mundo,
por um ínfimo momento,
Parece-me TRANQUILO, BOM e VERDADEIRO

Porra!

Noite chuvosa. Estava de olho nela desde quando eu havia entrado naquele puteiro.
 
Finalmente a chamei para sentar na minha mesa. Conversamos um pouco. Ela pediu uma dose de gim e cigarros na minha conta.
 
Paguei ao garçom trinta reais para comê-la.
 
Enquanto ela ia rebolando até o quarto, pude ver que tinha sido um dinheiro bem gasto. Era bonita, da cabeça aos pés. Um corpo inebriante.
 
Entramos num quarto que mais parecia uma toca de rato. Eu mal conseguia ficar de pé no lugar. Deitar-me naquela cama de cimento era uma tarefa quase impossível. Tinham colocado um colchonete vermelho por cima da “cama” para deixá-la com um aspecto melhor.
 
Não conseguiram.
 
Os cabelos da minha loira alugada cheiravam a fumaça de cigarro. Ela não tirava aquela merda da boca e seu olhar denunciava a embriaguez. Conversamos alguma merda que não consigo lembrar-me. Seus peitos pulavam do corpete. Num movimento rápido os puxei e comecei a sugá-los. Ela me afastou pedindo para não deixar marcas.
 
Eu ri, tirando a roupa e em poucos minutos ela estava fumando juntamente com o meu cacete. Não quis me chupar sem camisinha, por isso parti logo para a jogada.
Oral com camisinha consegue ser pior do que sexo com ela.
Prontamente, minha menina promíscua ficou de quatro.
Adorei. Geralmente tenho que pedir para elas ficarem de quatro. É Isso que gosto nas prostitutas. Elas sabem exatamente o que um homem quer, o que ele precisa, o que ele gosta.
 
Fodi aquela boceta o melhor que pude. Surpreendi-me quando senti que era apertada. Sinceramente não esperava aquilo dela. Era bonita demais. Devia transar com uns 20 caras por dia, isso nas noites menos movimentadas. Ela gemia, às vezes forçadamente, e falava algumas putarias. Continuei bombando. Cada tapa que dava na sua bunda fazia seu semblante de prazer se transformar num repentino ódio.
 
“Sem marcas, sem anal, sem beijos, sem amor”. Essas eram as regras dela. Olhava-a, e sorria, desafiando-lhe.
 
Fiquei por cima. Por mil vezes vi vários rostos na face dela, e por mil vezes quase a beijei. Por sorte, cada vez que eu tentava, ela virava o rosto, e eu lembrava que provavelmente ela havia chupado uns três caras que estavam lá fora.
 
Continuei bombando, mas a camisinha não me deixava gozar. Estava bêbado demais, cansado demais. O ventilador barulhento no teto daquele antro trabalhava tanto quanto uma geladeira quebrada. Suava como louco. Finalmente desisti de gozar, sai de cima, ela me olhou com um ar de desaprovação, um tanto contente, um tanto contrariada. “Porra, o cara vai metendo tão bem e depois fica assim” ela disse.
 
Eu senti-me obrigado a me desculpar, não sei por que. Falei do calor, da bebida, da minha noite cansativa. Contei-lhe da garota que havia me deixado.
 
Ela me veio com as histórias de toda prostituta. No meio do ano iria viajar para a Itália, talvez conheceria algum velho rico. Com sorte ele morreria logo. Final feliz… Para ela.
 
Eu sorri e escutei por educação suas histórias. Afinal, ela havia gasto alguns minutos escutando minhas porcarias.
 
Botei as roupas enquanto ela abria a cortina e ia pro chuveiro que ficava logo em frente.
Duas outras putas estavam lá tomando banho. Uma era gorda demais, nem sei como conseguia se manter naquele ramo. A outra fez meu pau inchar nas calças. Olhou-me com certo desprezo e lhe devolvi o mesmo olhar.
 
Segui pelo corredor em direção à mesa onde meus dois amigos esperavam. Flertavam com alguma puta perdida.
Pedi outra cerveja e sentei. Olharam-me e nem esperaram eu dar o primeiro gole.
Perguntaram suas merdas.
Eu disse que havia sido ótimo. Que era melhor transar nos esgotos do que naquela porra de buraco.
Disse que ela não aceitou anal.
Disse que havia gozado.
 
 
 
No outro dia, estava em meu quarto com uma garota. Estávamos transando há uns quatro meses.
 Ela me chupou lentamente, desesperadamente. Por fim dei-lhe o presente que queria.
500 milhões de espermatozóides nadavam na sua boca.
Ela se limpou.
Perguntou-me se meu pau era só dela.
Respondi que sim. Que era todo dela.
 
Que só ela me fazia gozar.
Ela sorriu.
Falou que eu dizia aquilo para todas. 
 
“Eu te amo seu porra!”
 
Nos abraçamos e dormimos.

ELA

Ela grita como uma cadela louca:
“Por que você mentiu todo esse tempo? Ficava com aquela puta e me dizia que não a via!”
“Você é um mentiroso miserável, não é homem o suficiente para dizer a verdade!”
“Não é homem o bastante para respirar”
“Foda-se” ! Eu dizia.
“Fique comigo se quiser sua merda!”

O que ela não sabe, é que a mentira foi apenas para ficarmos bem!
O que ela não sabe, é que cada porra de mentira foi dita para que nossa união perdurasse até hoje.
O que essa vagabunda não sabe, é que eu a amo!
Não tanto quanto minha ex, não mais do que minha coleção de livros!
Mas a amo, o suficiente para aguentá-la depois de tantas discussões infantis e palavras inúteis.
Depois de tanta besteira sobre traição e amor!
O que ela não sabe, é que eu deixei o amor louco de lado já faz alguns anos!
Já abandonei aquele conto, onde todos ficam felizes para sempre no final, há muito tempo.
Em alguns poucos anos, envelheci em balcões de botecos mais sujos do que puteiros no fim do expediente.
Aprendi algumas coisas.
Desaprendi outras tantas.
Caminhei até aqui.
Apenas suporto relacionar-me com alguém, desde então, com ajuda da bebida e da adorada solidão.
Mas o que essa puta não sabe, é que eu a escolhi entre tantas outras.
Posso não lhe dar a paixão que merece, mas lhe dou a trepada merecida.
Faço-lhe gemer como uma criança.
Faço a mágica brotar do seu corpo.
Dedilho cada centímetro da sua boceta como na 5ª sinfonia.
Vejo o orgasmo brotar profundamente, da sua alma até o meu cacete.
Sua boceta parecendo um rio me dá a certeza de que conduzi bem a nossa ópera.
Faço-lhe as promessas que ela deseja escutar.
Arquiteto os planos que ela deseja partilhar.
Sua merda!
Eu sou seu agora!
Mas o que você não sabe, é que eu não pertenço a ninguém.
Apenas me tome, enquanto você ainda pode.
Enquanto
você
ainda
me tem!

Aparelho

Eu tentava olhar para meu copo de cerveja,
Mas o corpo dela não me deixava beber em paz.
Carne branca, cabelos longos, lisos…Escuros labirintos para um pobre desavisado.
Era acompanhada por um cara estranho. Alto, negro, porém muito feio para ser o cara que comia ela. Um sujeito sem graça, uma barriga que chegava aos lugares antes dele.
Ela se levantou, o mundo havia parado para mim.
Uma pequena saia jeans me impedia de ver os detalhes daquela escultura que era a sua bunda,
Caralho, que bunda.
Uma blusa bem colada e sem mangas ressaltava os seus peitos.
Médios, cabiam em minhas mãos, cabiam perfeitamente em minha boca.
Poderia passar horas lambendo aqueles seios pálidos.
Ela andou num rebolar mágico até o jukebox. Ela sabia que a cada passo que dava meu pau estremecia e clamava por aquela boca. Ela sabia.
Ficou namorando a máquina.
Eu era obrigado a olhar para aquele corpo que exalava sexo.
Perdia-me nela, e adorava.
Ela escolhia as músicas e ao seu lado, o amigo, amante, sei lá, ria e falava merda.
Ele finalmente foi ao banheiro e a deixou só, com a máquina.
Uma música que ela havia escolhido começou a tocar.
Na TV, Adriana Calcanhoto miava, Devolva-me.
A gostosa virou o rosto e me olhou, bem nos olhos.
Era como um nocaute.
Paramos por alguns segundos e ficamos assim, calados e apenas lutando com olhares.
Ela finalmente sorriu, o brilho do aparelho reluziu na sua boca e aquilo inexplicavelmente fez meu pau inchar. Perguntou se eu gostava daquela música.
Eu apenas disse que sim e retribuí-lhe com um sorriso meio ébrio, meio forçado e cheio das mais perversas intenções.
Ela sorriu novamente, como uma criança, um sorriso infantil, raro, do tipo que só se vê em algumas poucas mulheres, e então virou-se.
Fiquei imaginando o porquê daquela pergunta.
O porquê daquele momento.
Entrei na merda daquele bar apenas pela cerveja barata
E de repente, estava momentaneamente apaixonado, flertando?!
O amigo dela chegou do banheiro, começaram a conversar, ainda escolhendo as músicas.
Alceu Valença começou a cantar na grande TV.
Ela rebolava ao som… Remexia-se como uma gata no cio, e cada quebrar de cintura me excitava.
Delirava.
Parei de babar e comecei a me concentrar na cerveja que já esquentava.
Foi quando alguma dupla sertaneja começou a cantar suas mágoas fudidas, e seus clichês idiotas.
Esperei meu pau baixar, me levantei pra pagar a cerveja, ela me olhou mais uma vez com sua boca brilhante. Fiquei desarmado…
Perguntou-me se eu gostava daquilo que estava tocando.
Disse que mais ou menos, mas eu acho que ela viu a mentira em meu olhar. Soube de imediato que eu odiava aquela merda. Tirei algumas notas da carteira e dei para o garçom.
Me virei em direção à saída, mas sem tirar os olhos dela.
Nos despedimos com um sorriso mútuo e um aceno de mão. O cara que a acompanhava me olhou feio.
Aspirei a libido que emanava daquela mulher e saquei pela última vez aqueles cabelos, aquele aparelho afrodisíaco, aqueles peitos gostosos pra caralho.
Bateu-me uma pequena tristeza quando a ficha caiu e vi que não seria eu quem levantaria aquela saia mais tarde.
Minha pequena puta pálida. Casaria-me com ela apenas pra ver aquele sorriso e preenchê-lo com meu pau sempre que pudesse. Morreria naquele corpo todos os dias.
Treparia com ela até ficar impotente. Até que minha língua e meus dedos parassem de funcionar.
A amaria, por uma noite, por uma década…
Pooorra!
Quem sabe?!

01:45 AM

Mais um copo de aguardente com suco de maracujá pela madrugada.
Pode haver mais calmaria em apenas um recipiente?
Ele acorda, come, bebe, bebe, bebe e dorme,
E acorda novamente, e dorme de novo.
Uma nova madrugada,
Outro copo de aguardente com suco de maracujá,
Ele queria uma cerveja, mas bebe o que tem à mão.
“Cuidado meu caro, a vida vai ficando mais chata e mais angustiante a cada noite” –
Ele pensa na madrugada.
Eis uma nobre hora para se pensar, sem vozes, sem sons.
Só o mortal silêncio,
onde cada pequeno ruído
lembra o estrondar de um trovão.
Mais outro copo de aguardente com suco de maracujá
e talvez, com alguma sorte, o sono chegará logo.

Lixo

Blerrrrrrrrrrrg!!!!
Meu primeiro jato de vômito do dia!
Blaaaaaaaaaaaaaaaaaarg!!!!!
Esse era o meu segundo jato, um dos maiores e mais podres!
Abri os olhos.
A privada estava totalmente nojenta,
cheia das coisas que eu havia comido e bebido na praia horas atrás.
Limpei a boca e me levantei. Botei um pouco de pasta de dentes no dedo e dei uma improvisada.
Pronto!
Nem parecia que eu havia colocado meus intestinos para fora a alguns minutos atrás. Deitei na cama com a barriga para o alto e fechei os olhos.
O universo parecia se comprimir na minha cabeça, eu podia senti-lo, estava borbulhando.
Ouvi algumas vozes lá fora perguntarem sobre mim.
Fingi que estavam falando outra língua.
Naquele momento, não havia lugar melhor para se estar.
Fora de orbita, fora de mim.
É nesses momentos que as merdas que você acha que nunca iria sentir ou pensar vem à tona.
Saudade de pessoas que você nem se importa, ou ao menos acha que não.
Planos para o futuro. Medo dele. Boquetes com anãs. O fim.
Uma nova rajada de vômito chegou na minha garganta. Pude sentir o seu gosto ácido nos lábios. Prendi aquela merda toda  no esôfago.
As vozes continuaram.
Me levantei, fui para o terraço onde meu padrasto bêbado e minha namorada me esperavam.
Ela estava emburrada porque eu havia dito que as trepadas com minha ex eram do caralho.
Que espécie de mundo é esse
 onde te odeiam por falar a verdade
Onde te odeiam por mentir
Onde te odeiam por não falar nada
Ou por falar demais? Puta merda!
Sentei na cadeira do terraço, totalmente fodido e dormi por alguns minutos.
Escutei alguém me perguntar se eu estava bem!
Levantei a cabeça da melhor forma que pude.
Sorri, bebi meu quadragésimo oitavo copo de cerveja do dia
e disse que sim,
Que estava tudo bem!

XIX, XX…XXI

Em pleno século XIX algum poeta já dizia que tudo o que existia de bom no mundo já havia passado.

Byron, Goethe, Novalis e outros tantos grandes gênios escancaravam essa verdade na cara de uma Europa melancólica e traída pela burguesia. Os filhos do continente que desmoronava psicologicamente, nasciam e cresciam pálidos e com uma melancolia fincada nos olhos.

Assim então, vários jovens europeus tiraram suas próprias vidas, acometidos pelo spleen, pelo medo,  por desgosto  de um futuro seco e incerto.

Nasci no século XX, sobrevivi até o século XXI, e aqui estou:  fodido, sóbrio, mais chato do que nunca, esperando um motivo pra forçar um sorriso, ou para querer acordar amanhã.

Miro para essas estrelas no céu escuro, que mais parecem olhos de pena e escárnio a nos observar. Talvez as mesmas estrelas que aqueles poetas contemplaram. Eles devem me ver, de algum lugar, com uns sorrisos cínicos nos lábios.

“Seus putos” – digo-lhes, – ” Black Sabbath? indústria pornô? Bukowski? extasy? Google? cerveja em lata? auxílio desemprego? camisinha extrafina?… Rá! Agora sim, podem falar suas merdas por aí…seus grandes viadões da porra”

Adis

Tem dias em que você acorda, e apenas deseja que esse dia acabe, e quem sabe, que o próximo seja menos deprimente.  O pior, é que até esse dia acabar, você tem que vivê-lo.

Foda é que nesses dias, nem sexo, nem comédias idiotas, nem a porra do seu cachorro e nem a cerveja trazem alguma sensação, seja ela boa ou ruim. A única coisa que se sente é uma indiferença infinita com o restante das coisas…do mundo.

E você se pergunta o porquê de tanta merda.

E você se sente como um saco cheio de coisas impotentes, até esse dia acabar.

Sorrateiros. Fulminantes. Desesperadores. Esses dias quebram minha alma, e se vão como ondas do mar. O bom, é que normalmente eles chegam somente às vezes, poucas vezes.  

O problema, é que ultimamente, cada dia da minha vida, está sendo um desses.